O declínio de Kevin Costner: como “Waterworld” impactou sua carreira

Kevin Costner já teve altos e baixos em Hollywood, sendo alçado a diretor e ator premiado com inúmeros sucessos de bilheteria e também como a pessoa responsável por levar um estúdio quase à falência.

O ator e diretor Kevin Costner se tornou o centro das atenções novamente no Festival de Cinema de Cannes. Seu novo longa metragem “Horizon: An American Saga” está despertando a curiosidade do público e da crítica especializada. O filme é um épico do gênero faroeste com três horas de duração e a primeira parte de uma história que pode repetir o sucesso dos primeiros trabalhos de Costner.

Mas nem sempre foi assim: Kevin Costner já teve altos e baixos em Hollywood, sendo alçado a diretor e ator premiado com inúmeros sucessos de bilheteria e também como a pessoa responsável por levar um estúdio quase à falência.

Uma das figuras mais icônicas do cinema nos anos 80 e 90, Kevin Costner experimentou um declínio significativo em sua carreira após o fracasso do filme “Waterworld” em 1995. Embora o filme tenha ganhado certa notoriedade com o passar do tempo, na época de seu lançamento, foi um desastre financeiro e crítico, gerando especulações de que esse fracasso foi o catalisador para a queda de Costner.

Filme mais caro para o padrão da época

“Waterworld” foi um projeto ambicioso que sofreu inúmeros problemas de produção, incluindo um orçamento que explodiu para cerca de 175 milhões de dólares, tornando-o o filme mais caro já feito até então. A produção enfrentou desafios logísticos e climáticos, o que resultou em atrasos e aumento dos custos. Quando finalmente foi lançado, a expectativa era alta, mas o filme não conseguiu recuperar seu investimento nas bilheterias. As críticas foram mistas, com muitos apontando falhas no roteiro e na execução, apesar dos elogios pelos efeitos visuais.

O impacto de “Waterworld” na carreira de Costner foi imediato. A reputação do ator como uma estrela de cinema de sucesso e confiável foi abalada. Antes de “Waterworld”, Costner havia alcançado grande sucesso com filmes como “Dança com Lobos” (1990), que lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor e Melhor Filme, e “O Guarda-Costas” (1992), um sucesso de bilheteria. No entanto, o fracasso de “Waterworld” fez com que os estúdios e o público começassem a questionar seu julgamento e viabilidade comercial.

Além disso, Costner assumiu múltiplos papéis em seus projetos, não apenas como ator, mas também como diretor e produtor, o que aumentou a pressão sobre ele. Após “Waterworld”, ele dirigiu e estrelou “O Mensageiro” (1997), outro filme de grande orçamento que também foi um fracasso de crítica e bilheteria. Esses fracassos consecutivos consolidaram a percepção de que Costner havia perdido o toque de Midas que outrora possuía.

Mercado necessitava de inovações e escolhas assertivas

Outro fator que contribuiu para o declínio de sua carreira foi a mudança nos gostos do público e a evolução da indústria cinematográfica. Nos anos 90, a ascensão de novos gêneros e estilos de cinema, bem como o surgimento de novas estrelas, ofuscou Costner. Seu estilo clássico e escolhas de papéis começaram a parecer desatualizados em comparação com as novas tendências.

A vida pessoal de Costner também passou por turbulências, com um divórcio altamente publicizado e rumores sobre seu comportamento difícil nos sets de filmagem, o que pode ter prejudicado sua imagem pública e relações dentro da indústria.

Kevin Costner em  "Waterworld": Filme até então o mais caro da história, ultrapassou orçamento e não se pagou
Kevin Costner em “Waterworld”: Filme até então o mais caro da história, ultrapassou orçamento e não se pagou

Kevin Costner: ego inflado e autoestima elevada

A percepção de que Kevin Costner tinha um ego inflado e uma autoestima muito elevada é um fator frequentemente mencionado em discussões sobre o declínio de sua carreira. Embora seja difícil medir objetivamente o ego de uma pessoa, relatos de colegas de trabalho, críticos e pessoas da indústria cinematográfica sugerem que Costner tinha uma confiança elevada em suas habilidades e decisões.

Costner alcançou rapidamente o status de superstar em Hollywood, especialmente após o sucesso de filmes como “Os Intocáveis” (1987), “Campo dos Sonhos” (1989) e “Dança com Lobos” (1990). “Dança com Lobos” por sinal, fez dele o diretor de cinema mais aclamado da época. Esse sucesso meteórico pode ter contribuído para um aumento de sua confiança em suas habilidades artísticas e de liderança.

No entanto, essa confiança pode ter se transformado em teimosia e um excesso de autoconfiança. Costner começou a assumir múltiplos papéis em seus projetos, como ator, diretor e produtor, o que aumentou a pressão sobre ele. Em “Waterworld”, por exemplo, Costner teve um controle significativo sobre o projeto, o que levou a conflitos criativos com o diretor Kevin Reynolds, culminando na saída de Reynolds antes do término das filmagens. Costner então assumiu o controle do filme, o que é visto por alguns como um reflexo de seu ego e necessidade de controle.

Fracassos recorrentes

Após “Waterworld”, Costner dirigiu e estrelou “O Mensageiro” (1997), outro projeto ambicioso que foi um fracasso. A recepção crítica e comercial negativa deste filme reforçou a percepção de que Costner estava fazendo escolhas erradas devido à sua confiança excessiva em seu próprio julgamento. Críticos apontaram que ele parecia estar mais interessado em projetos que permitissem exibir sua visão artística, sem considerar plenamente a viabilidade comercial ou a receptividade do público.

Além disso, relatos de comportamento difícil nos sets de filmagem e desentendimentos com outros profissionais do cinema contribuíram para a imagem de alguém com um ego inflado. Esses comportamentos podem ter levado a relações tensas dentro da indústria, dificultando a colaboração com outros talentos e estúdios.

Portanto, é razoável afirmar que a percepção do ego inflado e da elevada autoestima de Kevin Costner contribuiu para o declínio de sua carreira. Embora o talento e a visão artística de Costner sejam inegáveis, esses atributos, quando não balanceados com a colaboração e a flexibilidade, podem resultar em decisões criativas e de produção que afastam tanto o público quanto os colegas de trabalho. Contudo, sua capacidade de se reinventar e encontrar sucesso em outros formatos, como a televisão, é admirável.

Kevin Costner na época em que foi premiado por "Dança com Lobos" : sinônimo de sucesso
Kevin Costner na época em que foi premiado por “Dança com Lobos” : sinônimo de sucesso

A volta por cima

É importante notar que Costner nunca desapareceu completamente do cenário cinematográfico. Ele continuou a atuar e dirigir, encontrando sucesso em projetos menores e na televisão. Nos anos recentes, sua atuação na série “Yellowstone” revitalizou sua carreira, provando que ele ainda possui o talento e a capacidade de cativar o público. Com “Yellowstone”, Kevin Costner mostra que ele soube aprender com os desafios e continuar a contribuir para a indústria do entretenimento.

Em resumo, o declínio na carreira de Kevin Costner após “Waterworld” pode ser atribuído a uma combinação de fatores: o fracasso financeiro e crítico do filme, suas escolhas subsequentes de projetos que não foram bem recebidos, mudanças na indústria cinematográfica e questões pessoais. No entanto, sua resiliência e talento lhe permitiram continuar trabalhando e eventualmente encontrar uma nova base de fãs e sucesso na televisão.

LEIA TAMBÉM:

Compartilhe
Dani Gonçalves
Dani Gonçalves

Publicitária, amante de cultura pop. Adoro viajar, um bom show de rock me deixa fascinada!

Artigos: 43

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *